segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A Missa 7ª Dia da Maria Tavares aconteceu no sábado, dia 27 de setembro

A Missa foi na Fundação Patronato Lima Drummond no Casarão


Casarão do Missa
Pensamento de Maria Tavares por 68 anos
De Maria Tavares
A Missa
O Padre
Todos orando
No final foi plantado uma árvore ...
... com Roberto Sotello

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

De Maria Lúcia Medici, vice-presidente da Fundação Patronato Lima Drummond

" Eu hei de morrer sorrindo, sonhando o sonho mais lindo que alguém possa imaginar, irei num corcel alado e flores ajaezadas, numa estrada de luar; e quando no infinito ouvirá Deus o meu grito, cheio de fé e fervor e Deus na sua piedade, receber-me-á com bondade, com perdão e com amor". Escrito por Maria Ribeiro Tavares.A MISSA DE SÉTIMO DIA será celebrada no próximo sábado, dia 27.09.2014, às 15:00h, na sede da FUNDAÇÃO PATRONATO LIMA DRUMMOND.

Os anjos dos detentos

Idosa que era cuidada por presos morre aos 102 anos em Porto Alegre

Maria Ribeiro da Silva Tavares fundou, em 1942, o Patronato Lima Drummond, que abriga presidiários do regime semiaberto

Todos os dias da Dona Maria
Dna. Maria foi velada no Casarão do Patronato Fundação Lima Drummond
Velada no Casarão
A calma de Maria com missão antecipou às conquistas da política carcerária

Depois de meio século erguendo a bandeira de que nenhum preso é irrecuperável, a assistente social Maria Ribeiro da Silva Tavares, 102, deu adeus à família e a seus "anjos", como gostava de chamar os apenados com os quais morava no Patronato Lima Drummond, entidade que fundou em 1942. Ela morreu por volta das 15h deste domingo, de insuficiência respiratória. Estava há uma semana internada no Hospital Ernesto Dornelles.
Em 1999, quando o Patronato foi citado num relatório da Anistia Internacional sobre a violação dos direitos humanos contra detentos no Brasil, dona Maria, nascida em 17 de novembro de 1912 em uma família de fazendeiros, em Pelotas, disse a Zero Hora:

— Quando me perguntavam como conseguia chamar um criminoso de anjo, respondia que existem anjos de todos os jeitos. Tenho mais de 50 anos de vida dentro de cadeias e jamais fui constrangida e desrespeitada. Porque soube respeitar. Não há criatura irrecuperável, mas sim, método inadequado. 

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A relação dela com os presos era baseada na confiança. Na antiga Casa de Correção de Porto Alegre, formou o primeiro grupo de detentos que trabalhava fora da prisão _ chegou a ter 250 sob sua tutela. Durante a transição para o Presídio Central, na década de 1960, era a única autorizada a entrar nas cadeias para controlar motins e mediar rebeliões. 
No Patronato, erguido na avenida Teresópolis, na Capital, parte com a herança de viúva, parte com dinheiro angariado pelos próprios detentos da Casa de Correção, o índice de fuga é baixo: cerca de uma por mês, embora não exista nada que os impeça de sair (celas, por exemplo). Outra palavra que não fazia parte do dicionário de dona Maria é superlotação. Para manter a ordem e o tratamento individualizado que dispensava aos "anjos", a entidade — que hoje funciona em parceria com o Estado — abriga, no máximo, 76 pessoas.

— Ela era uma pessoa muito intensa e que acreditava muito nos presos. Investia neles e tinha autoridade, sem perder o carinho. O amor que tinha pelo que fazia resume sua personalidade — conta o filho de dona Maria e conselheiro do Patronato, Carlos Eduardo Aguirre da Silva.

O juiz Sidinei Brzuska, da Vara de Execuções Criminais, definiu a idosa como uma mulher que se antecipou às conquistas humanitárias da política carcerária. 

— Ela defendia prisões sem grades e a adaptação dos presos depois de sair da prisão — lembra ele, que esteve na festa de aniversário de 100 anos de dona Maria.

Os detentos trabalham no próprio Patronato ou em órgãos estaduais. Os que saem para o serviço, ao chegarem, apertam a mão do plantonista. Entre as atividades de rotina, ver televisão com dona Maria e alcançar a ela o leite do café da manhã.

— Tive um preso aqui que era terrível. Tinha cometido vários crimes. Quando ele chegou, disse que ele seria meu motorista. Vi o espanto no rosto dele. Anos depois, ele me contou que, ao chegar aqui, já tinha organizado uma quadrilha para assaltar bancos. E foi minha aposta nele que o fez mudar de ideia. Quando saiu em condicional, ele foi ser caseiro numa chácara minha. Foi o melhor caseiro que já tive — relatou ela, também em entrevista a ZH, aos 87 anos.

Quem também mudou de ideia sobre o sistema carcerário foi Luiz Carlos Butier, que, preso em 2006, ficou 165 dias no Patronato. Antes de ser condenado por injúria, calúnia e difamação, era a favor da pena de morte. Depois de conviver com dona Maria, inverteu seu posicionamento sobre a questão.

— Ela sempre tinha uma palavra de carinho. Era uma pessoa muito especial e inteligente. Quando eu chegava do trabalho, no início da noite, tinha duas opções: ou ver novela ou ficar conversando com a vó. Eu preferia conversar com a vó — relembra ele, que, inspirado por ela, criou a ONG Fui Preso, que presta assessoria jurídica aos apenados, lutando pela reinserção social.

O corpo de dona Maria será velado no Patronato a partir do início da noite deste domingo. O enterro, ainda sem horário definido, deve acontecer pela manhã no cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre.

domingo, 21 de setembro de 2014

Maria Tavares faleceu neste domingo, 21/09/2014 aos 102 anos de vida: "Não existem criaturas irrecuperáveis; existem métodos inadequados."

Presos tomam conta de mulher de 102 anos
19/09/14  07:00
Paula Sperb, de Folha de São Paulo
Filha de um fazendeiro de Pelotas (RS), Maria Ribeiro da Silva Tavares deixou o pai de cabelo em pé quando decidiu gastar toda a herança de viúva para levar presos de alta periculosidade para viver em sua própria casa, ao lado do filho pequeno.
Maria já trabalhava como voluntária no Presídio Central de Porto Alegre, quando perdeu o marido. Em 1936, aos 24 anos de idade, conseguiu convencer a direção do local a dar abrigo a 36 presos.
No primeiro dia fora do presídio, antes de iniciarem o trabalho que ela conseguiu para todos em obras da prefeitura, Maria concedeu a eles um privilégio: eles poderiam visitar a família, desde que voltassem à tarde. Nenhum deles fugiu.
O Patronato Lima Drumond, que hoje funciona em parceria com o Estado, foi fundado por Maria seis anos mais tarde, com recursos próprios e a ajuda dos detentos.
Hoje, 78 anos depois, a assistente social de 102 anos continua morando no local em que 63 homens cumprem pena do regime semiaberto.


Dona Maria com o cuidador Roberto Sotello, em férias na lagoa dos Patos (RS)
Aos 102 anos em 2013
A maioria deles tem entre 35 e 45 anos e foi condenada por tráfico de drogas e homicídio. A taxa de fuga é considerada baixa, em média uma por mês, principalmente porque não há grades nem celas no local.
Doze anos atrás, Roberto Sotello era um dos candidatos a viver no patronato. “A direção [da época] não me aceitou. Diziam que eu era muito perigoso. Mas ela argumentou que a casa não era para os santinhos”, lembra ele, que desde então atua como cuidador da idosa.
No último “veraneio”, como os gaúchos chamam as férias de verão, ele levou Maria para acampar com sua família durante cinco dias na lagoa dos Patos (RS). Mesmo de cadeira de rodas, ela tomou banho no rio.
Quando Sotello não está por perto, os outros “anjos”, como ela chama os presos, tomam conta de Maria.
O zelo não é de hoje. Os presos a protegem desde a época em que ela era a única autorizada por eles a entrar na cadeia para mediar rebeliões.
Em uma ocasião, ela levou os criminosos para trabalhar na fazenda de uma amiga, entre eles um condenado por estrangular várias mulheres. Durante a noite, ao sair do quarto, encontrou quatro presos dormindo em frente ao aposento para protegê-la. O episódio foi relatado no “Jornal do Brasil”, em 1974.
Atualmente, três detentos aguardam vaga no patronato — estabelecimento que pode ser público ou privado e prevê cumprimento de pena do regime semiaberto e aberto, além de atendimento aos egressos do sistema penitenciário.
Uma das “receitas” para que a ressocialização seja bem-sucedida é nunca exceder a capacidade de 76 vagas, diz a diretora-executiva do patronato, Sirlei Hahn.
“A gente procura aceitar o preso com histórico carcerário de trabalho, sem problemas disciplinares. Não interessa o crime ou a pena, mas o histórico no sistema prisional. São merecedores”, afirma Hahn.
Prestes a completar 103 anos, em novembro, Maria está lúcida, mas ouve mal e se locomove principalmente em cadeira de rodas.
“Ela se cobra da limitação física”, conta Carlos Eduardo Aguirre, 57, filho adotivo de Maria. “Quando ela quer sair, ela sai. Ela é atrevida”, completa Sotello, lembrando que Maria não perdeu nem a vaidade com o passar dos anos. “Ela é nobre, gosta de estar bem arrumadinha, de sapato”, afirma.
MÉTODO DE RECUPERAÇÃO
“Não existem criaturas irrecuperáveis, mas métodos inadequados”. É assim que Maria iniciou seu trabalho de conclusão de curso de Serviço Social pela PUC-RS. Publicado originalmente em 1948, a pesquisa sobre o sistema carcerário foi republicada em 2013 pela Ajuris (Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul), em um seminário em sua homenagem.
No trabalho, Maria descreve a “metodologia” de tratamento dos presos, baseada em confiança, diálogo e respeito. Maria aponta entre as principais “causas de delinquência” os “lares desajustados” e recomenda como tratamento preventivo o “amparo à família, reajustamento do lar e assistência à infância”.

Depois de gastar toda a herança nos cuidados com os presos, Maria apelava para o filho. “Volta e meio ela pedia Cr$ 100, Cr$ 200. Ela dizia: ‘Tenho que pagar a luz, o aluguel, ou vão cortar a água do anjo’. Ela sabe que, se o preso não tiver estrutura dentro de casa, vai procurar o crime”, conta.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

TV Record visita a Fundação Patronato do Lima Drummond

A TV Record constata atividade de inserção social dos internos do Patronato Lima Drummond. A repórter Amanda conhece a historia do interno Justino e divulga livro de sua autoria.
 A repórter Amanda da TV-Record com interno Justino